Noticia "velha", mas atual
Por Daniel Pipes
Fonte: http://pt.danielpipes.org/article/3170
New York Sun
Original em inglês: Palestinians Taste a Dose of Their Own Medicine
Tradução: Márcia Leal
O atentado a bomba que matou cinco pessoas em Hadera, Israel, no dia 26
de outubro inspirou nos palestinos a exultação de sempre: cerca de três
mil pessoas saíram em festa para as ruas, entoando Allahu Akbar, pedindo
mais ataques suicidas contra os israelenses e felicitando a família do
"mártir" pelo sucesso da operação.
Mas os árabes palestinos ficaram excepcionalmente sombrios depois das
três explosões que em 9 de novembro causaram a morte de cinqüenta e sete
pessoas e feriram centenas de outras em Amã, na Jordânia. Isso porque,
pela primeira vez, eles foram as maiores vítimas desses mesmos
"mártires" islamistas.
O massacre cometido no salão de festas do Hotel Radisson SAS custou a
vida a dezessete membros de duas famílias da elite palestina, ali
reunidas para as núpcias dos jovens que o London Times chamou de um
"casal de ouro", amado por seus familiares e amigos. A explosão matou
ainda quatro líderes da Autoridade Palestina, dentre eles Bashir Nafeh,
chefe da inteligência militar na Cisjordânia.
Após duas décadas distribuindo esses horrores entre os israelenses, por
vezes em circunstâncias igualmente festivas (uma ceia de Páscoa judaica,
um Bar Mitzvah), os árabes palestinos, que constituem a maioria da
população da Jordânia, viram-se de repente no lugar das vítimas.
E, adivinhem, eles não gostaram nem um pouco.
O irmão de uma mulher ferida no ataque disse a um repórter: "Minha irmã,
eu a quero tanto. Morro por causa dela e, se algo lhe acontecer, eu
ficarei realmente..." Em choque, ele parou de falar e chorou. Um outro
parente chamou os terroristas de "criminosos perversos". Uma terceira
clamava: "Oh meu Deus, oh meu Deus. Será possível que árabes estejam
matando árabes, muçulmanos matando muçulmanos?"
Expresso aqui o meu mais sincero pesar às famílias. Espero ainda que os
árabes palestinos, conhecidos em todo o mundo não só por se valerem
sistematicamente de atentados suicidas mas por fazê-lo com entusiasmo,
saibam beneficiar-se dessa oportunidade única de aprendizagem.
Nenhuma outra mídia e nenhum outro sistema de ensino doutrina crianças
para que se convertam em assassinos suicidas. Nenhum outro povo realiza
velórios festivos na morte de terroristas suicidas. Nem outros pais
desejam que seus filhos se façam explodir com bombas. Ninguém mais
recebe das autoridades apoio e financiamento tão generosos para a
prática terrorista. Nem outro povo jamais produziu um líder tão
inextricavelmente ligado ao terrorismo como o foi Yasser Arafat, nem lhe
dedicou tamanha lealdade.
As comemorações pelo primeiro aniversário de sua morte em 11 de novembro
foram marcadas por afirmações ardorosas de que "ele permanecerá vivo em
nossos corações" e pelo compromisso de dar continuidade ao seu
trabalho.
Os atentados de Amã, atribuídos à Al-Qaeda, expuseram a hipocrisia dos
palestinos e de seus defensores, que condenam o terrorismo contra si
mesmos, mas não contra os outros, especialmente contra os israelenses.
Shaker Elsayed, imã da mesquita Dar al-Hijrah, na Virgínia, denunciou o
atentado de Amã como um "ato insensato". Muito simpático. Porém Brian
Hecht, do Investigative Project, lembra que Elsayed tem o hábito de
justificar ataques terroristas contra israelenses: "A jihad é
obrigatória para todos, seja uma criança, uma mulher ou um homem", disse
ele. "Eles precisam fazer a jihad com todas as armas disponíveis."
A rainha Noor, da Jordânia, personifica essa hipocrisia quando afirma
que os terroristas de Amã "cometeram um grande erro tático aqui, porque
atacaram civis inocentes, muçulmanos em primeiro lugar", deixando
implícita sua aprovação se as vítimas não fossem muçulmanas.
Será que o vergonhoso caso de amor dos árabes palestinos com os ataques
suicidas e o "martírio" esfriará depois da atrocidade cometida em Amã?
Uma dose de seu próprio remédio lhes ensinará que tudo o que vai, volta?
Que a barbárie alcança os bárbaros no final?
Pequenos sinais parecem indicar uma mudança de opinião, na Jordânia ao
menos e ainda que por um momento. Uma pesquisa realizada em 2004 na
Universidade da Jordânia revelou que dois terços dos jordanianos adultos
consideram as ações da Al-Qaeda no Iraque "uma legítima organização de
resistência". Depois dos ataques em Amã, uma outra pesquisa mostrou que
nove entre dez entrevistados tinham mudado de idéia quanto a apoiar a
Al-Qaeda.
Para que os árabes palestinos modifiquem seu comportamento, é necessário
que as sociedades civilizadas adotem medidas mais enérgicas contra o
terrorismo suicida. O que significa rejeitar o Hamas como uma
organização política e excluí-lo de qualquer diálogo. Significa
manter-se longe de peças de propaganda como Paradise Now, um filme que
romantiza o terrorismo suicida palestino. E significa colocar na prisão
Sami Al-Arian, da Jihad Islâmica, e seu comparsas da Flórida.
A mensagem para os árabes palestinos deve ser simples, consistente e
universal: todos, inequivocamente, condenam o terrorismo suicida, seja a
área eleitoral, diplomática ou educativa, e sejam os atentados em Amã
ou em Hadera.
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